sexta-feira, 5 de março de 2010

Resenha do livro Minha Razão de Viver


Após ler o livro Minha Razão de Viver de Samuel Wainer, tenho a certeza que este foi um dos maiores nome do jornalismo brasileiro do século XX. Samuel tinha o sangue de repórter correndo em suas veias desde muito cedo.

Algo que nos deixa fascinado em sua história é a arte de estar no lugar certo e na hora certa, registrar os acontecimentos que viveu, ou como no caso de Getúlio Vargas chegar na hora em que o homem precisava falar. Fiquei imaginando como era cobrir sozinho, à eleição de um candidato a presidente. Todos os outros jornais eram contra a candidatura de Vargas, e ainda assim ganhar as eleições. É fascinante a narração que Samuel faz dos comícios de Getúlio por todo Brasil, em que ele foi o único jornalista a acompanhar.

Seu companheirismo com Getúlio nos revela o outro lado na notícia. Vargas foi quem articulou para que Wainer pudesse fundar seu jornal diário nomeado Última Hora. A intenção principal era que o jornal pudesse trabalhar junto ao governo Vargas. Pois naquela época o presidente não tinha o apoio dos donos de jornais, principalmente do dono dos Diários Associados, Assis Chateubriand.

Desde a época da revista Diretrizes Wainer mostrou ser preocupado com a redação, e com a sua ideologia esquerdista. Samuel por vezes cita que poderia ter ficado rico pela influência que tinha durante governo Vargas e Juscelino, mas não o fez. Segundo ele todo o dinheiro que recebia era investido na redação de seu jornal. Com a preocupação de garantir ao leitor um material de qualidade.

O jornal Última Hora cresceu e se expandiu para outros estados. Samuel relata o caso em que mentiu que mandou quase 200 profissionais para cobrir uma Copa do Mundo, sendo que na verdade a maioria das matérias eram de agências internacionais, onde os textos eram mudados aqui.

Outras partes que também chamam a atenção é quando começa a Ditadura Militar no Brasil, quando Castelo Branco faz vigorar os Atos Institucionais. A impressa Brasileira passou a ser duramente censurada, e Samuel cita um caso em que precisou ser amigo dos militares para que não fosse preso novamente. Também a sua ida para o exterior por conta do Regime.

Todas essas partes são marcadas pela inimizade que ele tinha com o jornalista Carlos Lacerda, que foi seu colega de trabalho na época da revista Diretrizes. Essa inimizade marcou até mesmo a postura da população politizada, os lacerdistas, que não eram poucos não gostavam nem de olhar para a Samuel. Por vezes Wainer teve que deixar encontros ou lugares para não polemizar a situação, isso que dá ainda mais graça a história de vida desse grande jornalista.

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